Ai as amizades! São-nos tão necessárias como água que sacia a sede. Podemos viver sem amores, mas nunca sem amigos.
Assim sendo, as amizades deveriam ser ouro sobre azul, flores em deserto, estrelas em céu cinzento. Pois deveriam, mas nem sempre são, porque as amizades nem sempre são recíprocas, porque nem sempre investem a mesma energia na relação para que funcione, porque se criam expectativas que não são cumpridas…
A amizade é como uma estrada com dois sentidos: eu estou numa ponta e tu estás na outra e a amizade torna-se possível se percorremos a distãncia que nos separa. Se for sempre eu a caminhar numa estrada de sentido único, não existe amizade. Não vale a pena então dispender tanta energia, mais vale acabar com essa estrada e mudar de direcção, encontrar outras estradas mais férteis.
Podemos deixar a amizade esmorecer aos poucos como uma planta que se deixa de regar e que vai definhando até morrer ou podemos simplesmente acabar com ela, como quem se divorcia mas sem processo em tribunal, porque as amizades moribundas também fazem sofrer quem mais investiu e não ganhou nada em troca. Uma amizade perdida é também perder um pouco de nós porque investimos muito de nós numa construção a dois.
O sofrimento de uma amizade que se esfumou com o tempo tem a sua razão de ser, para aprendermos a ter cuidado uma próxima vez, para descobrirmos dentro de nós por que precisamos assim tanto de alguém que não nos quer, para olharmos em volta e darmos uma oportunidade a quem quer realmente ser nosso amigo e nunca reparamos…
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