Desorientação significa perda do Oriente. Perder o oriente é perder as coordenadas, as certezas, o conhecimento daquilo que é e do que pode vir a ser, e talvez a própria vida. O oriente orienta. Essa é a versão oficial. É a própria linguagem que o diz e nunca se deve argumentar contra a linguagem.
Mas vamos supor... E se tudo isso for uma grande vigarice? Se tudo isso - o lar, a família, toda essa treta - for o exemplo mais flagrante, mais global e com séculos de existência, de lavagem de cérebros? Suponhamos que é só quando ousamos deixarmo-nos ir que começa a nossa verdadeira vida. Quando nos afastamos do navio-mãe, quando cortamos as amarras, tiramos as correntes, saímos do mapa, nos ausentamos sem autorização, fugimos, cavamos, seja o que for: suponhamos que é então, e só então, que temos liberdade para agir! Para levar a nossa vida sem ninguém para nos dizer como e quando e porquê. Sem ninguém para nos dizer para marcharmos em frente e dar a vida por eles, ou por Deus. Ninguém para nos vir chatear, porque quebrámos alguma regra ou porque fazemos parte daquele número de pessoas que, por razões que infelizmente não nos podem ser explicadas, são, pura e simplesmente proibidas.
Suponhamos que temos que passar pela sensação de estarmos perdidos, para além do caos; que temos que aceitar a solidão, o pânico de perdermos as amarras, o terror vertiginoso do horizonte girando à nossa volta como a borda de uma moeda atirada ao ar.
Não queremos passar por isso. A maioria não quer. A lavandaria do mundo é especialista em lavagens de cérebros: não saltes dessa falésia não passes essa porta não mergulhes nessa mar não tomes esse risco não passes essa linha não ofendas a minha sensibilidade estou-te a avisar não me faças enfurecer estás a desobedecer estou a ficar furioso. Tudo regras baratas em saldos.
Não tens uma oportunidade nem que me peças de joelhos estás feito estás acabado és menos que nada, para mim morreste, estás morto para toda a tua família o teu pais a tua raça, para tudo o que devias amar mais que à própria vida e escutar como a voz do dono e seguir cegamente e curvar-te perante tudo, e adorar e obedecer , nesse caso cego de admiração e se ligarmos a tuda na vida , damos em malucos.
Eu sou mas sou um maluco a minha maneira , e a minha demência é bastante saudável …ou não!!!
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