Conheci o Jonh este verão em Peniche , pela sua simpatia e forma de ser cativa largamente quem de perto conviva com ele , trabalhava no bar que nós frequentávamos , era uma pessoa bastante simples , e pela sua tez de pele e cabelos emaranhados todos percebiam quanta água salgada tinha em cima.
Dai a velo de prancha debaixo do braço foi rápido , sentei-me naquele dia junto a água para tentar perceber quem era e o que fazia ali , já conhecia o bar da praia a algum tempo e nunca o tinha visto por ali , foi bastante fácil de entender que estávamos perante alguém com muitos anos e muita experiencia destas lides , manobrava a sua 9’3 com uma suavidade e subtileza invulgar para o mais comum dos surfistas presentes , quando olhei a minha volta percebi que não era o único a estar fascinado com o surf deste Australiano de 40 anos.
A historia da vida dele é tão ou mais interessante que o seu surf potente , de remada forte , e de todas as manobras possíveis , parecia dominar as ondas como se conduzisse um formula 1 , era o surf mais bonito e clássico que eu tinha assistido nos últimos anos.
Diariamente e antes de trabalhar no bar , muito cedo o Jonh descia a praia , e brindava todos os presentes com um sorriso contagiante , não menos que as suas maravilhosas manobras , é admirado e respeitado pelo seu surf , mas também pela sua forma de estar na vida , dá aulas de surf no bar , trabalha servindo as mesas e no que for preciso,cheguei a ver a lavar o chão.
Travamos algumas conversas banais , coisas da vida , até que um dia o Jonh e com muita honra minha começou a contar um pouco o que era ser Australiano , grande amante do surf , poliglota , filho de família de fazendeiros bastante abastados , mas acima de tudo o Jonh quis ser ele saiu da Austrália aos 18 anos e volta e meia regressa para matar saudades dos pais e restante família , durante largas horas escrevi longos apontamentos sobre este “Friend” , que acho uma piada enorme a minha tatuagem no braço que tanto significado têm para mim “Friendship” , um dia pedi se me deixava ter a honra de escrever sobre ele , e aqui estou eu a faze-lo no meu blog , Jonh , sei que estás longe , mas sei que vens cá. Não sei se serei capaz de transcrever tudo o que ao longo de 5 meses ele me transmitiu , é uma historia de vida que qualquer mortal gostaria de ter , pelo menos eu.
Jonh nasceu no norte da Austrália há 40 anos filho de família de fazendeiros ricos , contudo não se apaixonou pelo interior , e fugiu para o litoral onde o apelo do mar foi mais forte que o barulho das enormes debulhadores de cereais , o jonh foi viver para uma praia ao norte da Austrália para um escola de surf , jura que nunca tinha visto o mar , apenas viu uma prancha na Tv , e ficou apaixonado , e com 10 anos disse ao pai , vou ser surfista.
O pai ao que parece com grande desgosto , pois ele era o único filho do casal , e por tradição de gerações eram os filhos a tomar conta dos negócios da família , o Jonh não se deixou levar e dedicou-se a sua enorme paixão.
Com 10 anos foi sozinho para uma escola especializada na formação de surfistas , bem como dos seus estudos , treinava cerca de 5 horas por dia , diz ele que a segunda onda da vida dele estava de pé , a partir dai foi sempre a “ripar” por esse mundo fora , pois o currículo de locais desde veterano é uma coisa de fazer inveja a qualquer profissional.
Segundo ele não é , não foi e jamais será um grande surfista , pois ele conta-me num sorriso rasgado , que não foi bafejado por Deus , Jonh é bastante crente , e têm uma fé inabalável , reza diariamente , e fala com os deuses dele , trás amuletos , e uma das suas poucas coisas que trás nas suas viagens é a bíblia e um fio que lhe deram num santuário em Lombok na Indonésia e que para ele é sagrado, ele é um viajante solitário , é um homem bastante simples , não têm computador portátil , não têm MSN , para mim é um nómada moderno , para falar com amigos vai a um ciber-café , e manda mail’s com fotos.
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